Sexta-feira à noite
Os homens acariciam o clitóris das esposas
Com dedos molhados de saliva.
O mesmo gesto com que todos os dias
Contam dinheiro, papéis, documentos
E folheiam nas revistas
A vida dos seus ídolos.
Sexta-feira à noite
Os homens penetram suas esposas
Com tédio e pénis.
O mesmo tédio com que todos os dias
Enfiam o carro na garagem
O dedo no nariz
E metem a mão no bolso
Para coçar o saco.
Sexta-feira à noite
Os homens ressonam de borco
Enquanto as mulheres no escuro
Encaram seu destino
E sonham com o príncipe encantado.
Marina Colasanti.
6 comentários:
mas o que é isto miúda ????????? ai
Boa!
Em muitos lares eh exactamente isso que se passa.
É...muitos despem a poesia como o sobretudo. Doloroso sentir! Bj
Um poema cheio de verdade...quanto sofrimento silencioso por aí...
Bom Domingo
Bjs Zita
A verdade em cada palavra.
Excelente post!
Beijinho e boa semana*
Um poema algo redutor. Nem sempre se passará assim mas espelha as frustrações de quem pensou que casar resolveria todos os problemas ou daquelas que não conseguem sair porta fora.
Claro que também existem milhares de mulheres, silenciosas e silenciadas pelo terror de uma violência diária.
Gostei da análise nua e crua, deste poema.
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