sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Sexta-feira



Sexta-feira à noite


Os homens acariciam o clitóris das esposas


Com dedos molhados de saliva.


O mesmo gesto com que todos os dias


Contam dinheiro, papéis, documentos


E folheiam nas revistas


A vida dos seus ídolos.



Sexta-feira à noite


Os homens penetram suas esposas


Com tédio e pénis.


O mesmo tédio com que todos os dias


Enfiam o carro na garagem


O dedo no nariz


E metem a mão no bolso


Para coçar o saco.



Sexta-feira à noite


Os homens ressonam de borco


Enquanto as mulheres no escuro


Encaram seu destino


E sonham com o príncipe encantado.


Marina Colasanti.


6 comentários:

neva disse...

mas o que é isto miúda ????????? ai

Ana disse...

Boa!
Em muitos lares eh exactamente isso que se passa.

bettips disse...

É...muitos despem a poesia como o sobretudo. Doloroso sentir! Bj

Espaços abertos.. disse...

Um poema cheio de verdade...quanto sofrimento silencioso por aí...
Bom Domingo
Bjs Zita

Maria P. disse...

A verdade em cada palavra.
Excelente post!

Beijinho e boa semana*

butterfly disse...

Um poema algo redutor. Nem sempre se passará assim mas espelha as frustrações de quem pensou que casar resolveria todos os problemas ou daquelas que não conseguem sair porta fora.
Claro que também existem milhares de mulheres, silenciosas e silenciadas pelo terror de uma violência diária.
Gostei da análise nua e crua, deste poema.